EM FAMÍLIA – ESCOLHA SER FELIZ E DESCOBRIRÁ QUEM É INFELIZ!
Em Psicologia, a partir dos anos 50 do século passado, foram desenvolvidas pesquisas por um Homem chamado Gregory Bateson, na Califórnia, onde teve a oportunidade de acompanhar pacientes psiquiátricos e seus familiares.
Bateson chegou a observar vários pontos cruciais que envolvem relações familiares e sua contribuição ajudou a ampliar as análises investigativas em torno de como funciona uma família.
Atendendo pacientes esquizofrênicos, Bateson percebeu uma forte característica de ambivalência e dualidade nas relações que envolviam os pacientes e seus familiares. Ou seja, eram percebidos sentimentos como amor e ódio, apoio e sabotagem, queixa e prazer, e que dificultavam o tratamento dos pacientes. Sendo assim, ele ofereceu outra perspectiva no apoio aos pacientes e ampliou a compreensão do processo de adoecimento em família.
O trabalho de Bateson e seus colegas teve base nos trabalhos de Von Bertallanfy, de 1947, quando este formulou a Teoria Geral dos Sistemas.
Filhos e filhas com problemas são, de fato, sintomas de uma família doente. Essa visão sistêmica possibilita uma compreensão mais apurada de que o grupo familiar pode até desejar a melhora e a felicidade de um de seus membros, contanto que isto não provoque, na família, uma sensação de mudança, o que já tende a provocar mal estar (CALIL, 1987).
O que se explica com essas observações é que enquanto houver um “infeliz” ou um “doente” na família, esta terá ganhos de várias ordens com esses estados de adoecimentos.
Isso é difícil de admitir, porém o mais grave é observar que há em tais ganhos uma natureza perversa por parte dos familiares, sentindo prazer na dor do outro e, enquanto isso, evitam mexer em suas próprias dores.
Eis o porquê da experiência clínica já ter observado que muitos pais e mães retiram seus filhos da terapia quando estes começam a melhorar, posto que estão questionando o sistema em família.
Isto já é um sinal de que todos da família estão sendo impulsionados a mudar. E isso assusta, como também interdita toda uma história de ganhos para com o “pobre coitado”, a “ovelha negra”, a “louca”, e o “problemático” da família (RANGEL, 2017).
Se estes indivíduos melhorarem, deixarão de ser motivo de preocupação e, ao mesmo tempo, os cuidadores não se sentirão mais tão importantes na vida dos “doentes” que agora se sentem mais seguros, autônomos e fazem suas próprias escolhas (MINUCHIN, 1990)!
Com essa visão sistêmica e não mais patriarcal acerca da família, você pode começar a entender como sua família funciona, e mais, o porquê de muitas vezes você passar de herói ou heroína para vilã ou bandido apenas por pensar ou escolher diferente.
Pois é, tente ser feliz segundo sua vontade, tente sair do lugar onde a família lhe colocou e descobrirá quem lhe ama e quem lhe odeia; quem lhe apoia ou lhe sabota; quem lhe adoece ou lhe traz bem estar; quem sente medo, inveja e cobiça. (GROISMAN, 1991).
Mas saiba que ao descobrir isso você poderá sentir uma dor imensa. Porém, não haverá mais volta ao mesmo lugar, tão pouco se sentirá mais doente, impotente, frágil e com culpa.
No entanto, você jamais terá outra dor dessas porque terá saído do lugar. Agora se pergunte: estou pronto para essa dor de resolução? Estou forte para descobrir que meus familiares não me amam como idealizei e que muitos são infelizes e desejavam me manter preso a um lugar que nunca foi meu?
E a família, como vai ficar? Que cada um procure se cuidar se amando mais… Caso contrário, ela irá escolher outra pessoa para colocar no seu lugar e tudo vai continuar como sempre foi, “felizes, ainda que doentes, para sempre…”.
Bibliografia:
CALIL, V. Terapia familiar e de casal. São Paulo: Summus, 1987.
GROISMAN, M. Família trama e terapia: responsabilidade repartida. Rio de Janeiro: Objetiva, 1991.
MINUCHIN, S. Famílias funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
RANGEL, L. Pode entrar, a Vida é sua!. São Paulo: Fontenele Publicações, 2017.
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