Eu apelei para que ele jamais fosse embora, mas insistentemente o prendia em meus desejos, outrora negados, para depois se tornarem assumidos.
Às lembranças uma lágrima ou um sorriso ora largo, ora discreto. Às mágoas uma memória repetitiva, e um pouco mais, o medo de não saber seguir em frente sem o que se viveu.
Eis o Passado, um passageiro que não passa, incorporado em muitos que se negam a continuar a viagem. Também se acha naqueles que viajam para dele fugir ou para com ele encontrar.
E o Tempo não mais contar-se-á, posto que nunca se fez real e, por isso mesmo, jamais pode transformar o Presente em Passado.
Ilusoriamente, cremos percorrer uma sequência ou uma sucessão de fatos e épocas, uma vez que entendemos o Tempo como linear.
Isto se explica pelo fato de ilusoriamente crermos estar encerrados em uma dimensão material. Para nós, ele existe! Entretanto, uma vez fora de nós, ele jamais existiu.
O Passado que não passa é o resultado do apego ao que ainda não suportamos viver sem, porque não nos reconheceríamos.
Eleja algo ou alguém para se apegar ou se permita ser escolhido e saberá o quanto o Tempo em seu mundo super estimado agirá em sua vida como um tirano que não morre nem é derrubado de seu poder absoluto e atemporal.
Resolvi dar uma resposta ao Tempo, deixando-o na dimensão que ele vive. Simplesmente, não compareci ao encontro e ali ele ficou, preso ao que nunca existiu, nem existirá.
De outra forma, o Passado não passará, tampouco teremos passado, porque podemos escolher ser apenas o sorriso, o olhar, a lágrima, o suspiro… Tudo poderá ser eternizado!
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