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MOISÉS NÃO SUBIU O SINAI

Há quem pense que é desesperador para os crédulos que aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus descobrir que a grande maioria dos fatos que ali se encontram não apresenta base que possa sustentar a sua autenticidade. Não, não há desespero para os crentes. E isto facilmente se explica porque a Fé não precisa de esclarecimentos, pois exige, simplesmente, a crença ainda que no absurdo ou no absoluto!

Paralelo a isso, correndo por fora, encontram-se grupos de pesquisadores da Bíblia e de outros interessados, mas cujas observações estão apoiadas de duas formas nada científicas. O primeiro grupo tenta realizar escavações arqueológicas segurando em uma das mãos a Bíblia. Este tem o intuito de achar na cultura material o que foi citado nas Escrituras como sendo verdade. Estes arqueólogos têm patrocinadores que correspondem quer aos interesses políticos em Israel, quer à dominação religiosa de determinada instituição, seja entre os protestantes ou entre os católicos.  

O outro grupo, em especial o dos que buscam a atualização da Bíblia segundo suas religiões ou doutrinas espiritualistas, comete o abuso do bom senso, a descaracterização da razão em por em evidência que traduzem textos por demais adulterados, enxertados, manipulados e ainda com a falsa promessa de que estão levando, ao público leigo, traduções originais dos textos dos Evangelhos ou do Velho Testamento.

No que concerne a um dos líderes do povo de Israel, uma figura bem simpática aos cristãos, Moisés, como personagem central de novela ou de filme e não apenas da Torá bem como sua trajetória de vida encontram-se perdidas nas areias do Saara ou no imaginário popular judaico-cristão. Sim, não há até hoje quem possa, simplesmente recorrendo às traduções bíblicas, falar de Moisés com propriedade, até porque os livros do Gênese e do Êxodo surgem em suas primeiras anotações depois de longos sete séculos de tradição oral, ou seja, setecentos anos após terem ocorrido os supostos fatos que envolvem Moisés e sua nada convincente fuga do Egito.

Mas os fervorosos leitores e crentes da Bíblia não estão preocupados com isso. E assim se passa por cima da razão e do bom senso!

Um dos episódios que ficaram famosos em sua trajetória foi a subida ao Monte Sinai, atualmente, localizado nas terras Egípcias, na Península do Sinai. O Monte Sinai fica a 2.800 mts de altitude. Uma imensa montanha rochosa em cor avermelhada, em especial quando castigada pelo sol escaldante do deserto. Entretanto quando cai à noite a temperatura acompanha a queda e o frio castiga os aventureiros e crentes que desejam chegar ao topo, e o cansaço é amenizado por uma barra de chocolate nada agradável e bem barata.

A tradição bíblica conta que ali, no Sinai, Moshé, como é conhecido Moisés entre os israelenses, teve sua experiência com Deus, ao ponto de tornar-se íntimo e receber os Dez Mandamentos diretamente da vontade de Jeová. Já tratei em outro artigo (Moisés recebeu os Dez Mandamentos?) deste episódio e de como as leis egípcias foram incorporadas às leis de Moisés. Todavia o que chama mais atenção são as descobertas arqueológicas que mostram que Moisés nunca esteve no Monte Sinai, tão pouco há registros para uma demanda tão elevada de uma etnia, como a dos hebreus, na fuga do Egito. 

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