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Liszt Rangel
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O QUE VOCÊ QUER VER?

  • Data 8 de outubro de 2020

Durante as entrevistas que fiz com teólogos e historiadores para a publicação de meu documentário, Jesus e Cristo – O Nascimento de um Mito, entre tantos relatos, certa colocação feita por um teólogo chamou a minha atenção. Ele disse: “Liszt, pode a ciência provar que Jesus não nasceu em Belém, e sim em Nazaré, mas o meu Cristo da Fé sempre nascerá na manjedoura em Belém, e será visitado pelos magos!”

Eu pensei, “que lindo!”. Bem, diante daquela frase pensei depois em desistir, mas insisti e lhe disse: “Nem se achássemos o registro dele em um cartório na Galileia?” Ele sorriu… e respondeu: “Nem assim, pois o que eu faria com a minha crença?”

E continuei a entrevista…

cego Bartimeu site

A maior dificuldade na pesquisa da História Antiga, realmente, é com as fontes. Quando se dispõe de uma cultura material, ou seja, artefatos, e ao lado disso quando ainda temos documentos ou, apenas um dos dois, as pesquisas ganham maior produtividade. Entretanto, o conflito entre o Jesus Histórico e o Cristo da Fé faz aparecer outra dificuldade, e esta é de natureza íntima. As nossas crenças milenares, as ideias cristalizadas, os preconceitos tornam-se grandes empecilhos não mais para uma aprendizagem, mas neste caso para a reaprendizagem. E reaprender é bem mais difícil do que aprender! As resistências psicológicas criadas ao longo de muitos anos, agarradas à maneira de pensar, sentir, crer e agir fazem-nos pessoas acomodadas na zona de conforto e, ao mesmo tempo, amedrontadas diante do desconhecido.

No filme O Sexto Sentido, o Dr. Malcon Crowe, interpretado pelo ator Bruce Willys, tenta ajudar um garotinho que se diz vidente, interpretado pelo Haley Joel Osment. O Dr. Malcon acredita que o menino é portador de alucinações visuais e auditivas. O garoto referindo-se aos mortos, diz ao Dr Malcon: “eles veem o que querem ver!”

Até que ponto também, em vida, vemos o que queremos ver?

E o mais interessante é que mediante o desconhecido, ou o desconhecido recalcado, rejeitado por nós, este assim torna-se, devido ao fato de o compreendermos como uma ameaça até à sanidade mental. Com isso, criamos além de tudo, crenças, mitos, fantasias e lendas para nos sustentar na mesma postura passadista. Inclusive, para o indivíduo não enlouquecer, esta é uma tentativa de se manter sobrevivendo, ou melhor, existindo mesmo às custas de uma ilusão. Aliás, não são poucos os que preferem a ilusão que conhecem à verdade que ignoram. E assim mantém suas máscaras sociais que sustentam uma intricada rede de relações hipócritas, repletas de acordos familiares, profissionais e até religiosos.

Diante disso, a expectativa de querer se fazer compreender é imediatamente frustrada, pois cada um faz o que quer, dá o que tem, e caminha até onde enxerga. Por outro lado, a busca é individual, ao mesmo tempo pode ser solidária, entretanto os ventos só entram em nossa casa quando abrimos as janelas e as portas. Estar receptivo à chegada de novas informações não é uma questão simples de ter acesso a elas, mas de inquietar-se, incomodar-se, estar com as janelas da alma abertas.

As pesquisas em torno do Jesus Histórico nos sopram vindas da Europa desde o século XVIII. Neste tempo, aqui no Brasil, estávamos extinguindo ainda as capitanias hereditárias, envoltos na Revolução dos Mascates em Olinda e Recife ou descobrindo ouro no Mato Grosso. Entre os séculos XIX e XX, mais de sessenta mil textos foram produzidos apenas sobre Jesus, e nós estávamos preocupados com nossa independência “utópica”, negociando escravos e proclamando a República.

Atualmente, Jesus é mais conhecido nas Universidades do que entre os próprios cristãos que lotam as Igrejas e Instituições. No Brasil, multiplicam-se, no Rio de Janeiro e em São Paulo, as pesquisas em torno do Nazareno. Ele, também, aparece de forma mais acurada ainda com dúvidas e muitas questões não respondidas. As dúvidas estão no ar! Ao mesmo tempo, ele não perde sua grandiosidade em Universidades na França, na Inglaterra, em Israel e nos EUA, ou seja, ele é estudado segundo ele mesmo. Eis o maior desafio, estudar uma personalidade marcante desta e não por o dedinho contaminado pelo Catolicismo, pelo Protestantismo e outros “Ismos”. É Jesus segundo Jesus, e não segundo a lupa de alguma Religião ou Doutrina.

Quanto mais ignorarmos o Homem Jesus, menos compreenderemos sua mensagem. Quanto mais insistirmos em manter os olhos fechados, por medo de ver a paisagem que se desenha a nossa frente, mais alienados nos tornamos mediante os avanços que o progresso assinala, trazendo-nos novas luzes.

Independentemente de nossa vontade, de nossa crença e de nossa resistência em não querer ver, os fatos não deixam de existir, e dia chegará em que os ventos se tornarão mais fortes e não conseguiremos nos manter no lugar de sempre por muito tempo! O conhecimento chega para nos trazer mudanças, quando não, são as dores que fazem esse papel. De toda forma, são instrumentos que impulsionam a marcha, ampliam o horizonte, e assim aumentam as nossas responsabilidades perante o mundo.

Talvez, os novos cegos de Jericó ainda estejam precisando de cuspe nos olhos!

Ver significa assumir nova postura. Não querer ver é negar-se às mudanças, especialmente a de reconhecer, humildemente, a fascinação que adoece, paralisa o julgamento, mantém a doença, a ignorância e o erro! E ser cúmplice do erro e da ignorância é ser leviano…

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