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HIPÁTIA – A mulher que ameaçou os cristãos!

Na lista das atrocidades cometidas pelos cristãos está o assassinato de Hipátia, uma das maiores almas que já pisou este planeta sombrio. Astrônoma, matemática, filósofa neoplatônica e excelente oradora, além de uma bela mulher, a filha do cientista Teão nasceu no ano 370 d.C. e foi miseravelmente assassinada pelas mãos dos cristãos, em Alexandria, Egito, no ano 415 d.C.

Hipatya 3

Em um dia do ano 415 d.C. ela passava em frente ao Cesareum, quando os cristãos a tiraram de sua liteira, a espancaram, arrancaram suas roupas e com conchas do mar rasgaram sua carne para, em seguida, queimarem seu corpo.

Em 391 d.C, depois que queimaram a Biblioteca de Alexandria sob a ordem do bispo Teófilo, o novo alvo seria o Serapeum, local de adoração pagã e o maior centro de conhecimentos e culto ao saber. Seu pai a mandou ainda jovem para Atenas com o objetivo de estudar com os neoplatônicos e ela tornou-se aluna de Plutarco, filósofo e historiador grego. Quando Hipátia retornou,não só pela beleza, mas pela inteligência e carisma, aos 30 anos, lotava os lugares durante suas exposições. Sobre ela, escreveu Derek Adie Flower em sua Biblioteca de Alexandria: “Ela era uma filósofa, não uma teóloga, uma oradora, não uma pregadora”.

Hipátia adquiriu ferrenhos inimigos e alguns amigos. Entre seus admiradores estava o fraco Orestes, o prefeito de Alexandria, de quem foi acusada de ter sido sua amante e que não teve forças para protegê-la de seus algozes sob a liderança de um outro bispo, o terrível ortodoxo cristão Cirilo, que mais tarde foi tornado santo pela Igreja Católica. Talvez esta honra tardia tenha sido em retribuição por ele ser o responsável pela morte de Hipátia, incitando um grupo de cristãos em seu fanatismo. A perseguição não se estendeu apenas a ela, mas aos pagãos, seus jovens alunos, e aos judeus que foram expulsos de Alexandria a pedradas e tiveram suas sinagogas também destruídas por ordem do “Santo” Cirilo. O escritor Flower, ironicamente, põe o abominável inquisidor Torquemada, na Idade Média, como aluno inspirado por Cirilo na realização de suas atrocidades contra os “hereges”.

A ironia persiste porque foi justamente a Igreja Católica que usou as bases da filosofia neoplatônica para fundar sua teologia e Hipátia era neoplatônica, porém era uma acadêmica que não abandonou seus vínculos com a cultura pagã, apesar de não poder ser classificada como uma pessoa religiosa. Ela era racionalista e não uma crente pagã! Entretanto a ordem do imperador Teodósio, proibindo qualquer manifestação pagã, deu poder tanto a Teófilo quanto a Cirilo para destruir tudo o que pudesse ser visto pela Igreja como um incentivo ao paganismo. Cirilo tirou Orestes da prefeitura e tornou Alexandria a sua casa por cerca de 30 anos, e por mais de 250 anos o Egito teve o Cristianismo como religião oficial.

Isto quer dizer que cada vez mais perseguidos tornaram-se perseguidores!

Foi graças a um escritor inglês, Charles Kinsgley, quando da publicação de um de seus romances, Hypátia, em 1853, que o mundo pode tomar conhecimento desta mulher que os cristãos assassinaram e que a Igreja tentou apagar de nossa história. Ela não foi apenas uma repetidora da escola neoplatônica, foi a fundadora de uma escola livre na arte de pensar. Atualmente, há um excelente filme intitulado Alexandria, tendo como protagonista a bela atriz Rachel Weisz interpretando Hipátia. Vale a pena conferir a obra! É muito mais do que uma aula de História, é uma lição de vida, um convite a uma reflexão acerca de quem ou o que nos tornamos.

Todas as vezes que não conseguimos combater as ideias ou o pensamento de alguém partimos para a destruição do idealista, acreditando, equivocadamente, que com sua morte, ou sua difamação, estaremos sufocando os ideais, entre estes a liberdade de pensar. Depois olhamos para o passado e o interessante é que pessoas como Teófilo ou Cirilo só são lembradas por causa de Hipátia. Ou seja, por mais que tentemos nos constituir em obstáculos para a caminhada do outro e do progresso da Humanidade, nossa luta é inútil e seremos levados de roldão pelo dispositivo imperativo da marcha evolutiva. Tudo avança!

E você, vai ficar de que lado?

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