DESVENDANDO A GRANDE PIRÂMIDE – Quem a construiu?
Considerada uma das sete maravilhas do mundo, a grande pirâmide, a de Quéops, foi construída por ordem deste faraó que reinou de 2553-2530 a.C. O filho do faraó Sneferu, Quéops, ou Khufu a partir do momento que foi consagrado rei, começou a construção de sua eterna morada.
Todas as vezes que um herdeiro chegava ao poder, a primeira ordem era aumentar os impostos da população, e, assim, produzir o máximo de riqueza para o pagamento dos operários. Ele, o faraó, tinha que ser rápido na construção de sua pirâmide, pois não sabia quando iria morrer e, levando em consideração a baixa expectativa de vida, precisava, urgentemente, dos projetos de um engenheiro que garantisse que sua presença entre os vivos jamais fosse esquecida.
E o trabalho de Quéops na construção de sua pirâmide não poupou nem a sua filha. O historiador grego Heródoto, que foi ao Egito por volta 450 a.C., dialogou na época com sacerdotes egípcios e estes lhe contaram uma fofoca com mais de 2 mil anos. Disseram-lhe que o rei teria colocado sua filha em uma “casa de passe”, como eram conhecidos os prostíbulos, para aproveitar-se de sua beleza. O que ela arrecadou foi tanto que ela decidiu mandar construir sua própria pirâmide que está situada entre as três pirâmides do Platô de Gizè. O que ressalta como verdade nesta difamação é que Quéops não tinha o menor escrúpulo e, realmente, as pesquisas atuais mostram que ele passou a ser visto, ao longo do tempo, como um déspota que explorava o povo.
Porém, na época, ele foi considerado a encarnação do próprio deus. Quéops aproveitou-se desta imagem para mostrar ao povo que tanto as suas vidas quanto seus bens pertenciam a ele, e assim investiu na ignorância, na devoção da população e para conseguir o que queria teria usado até de violência.
Apesar dos documentos para nos oferecer informações precisas sobre a construção das pirâmides ainda nos serem escassos, conclusões podem ser tiradas acerca das pirâmides do Platô de Gizè. Heródoto é uma fonte interessante em muitos aspectos, e ele diz, estupefato, que o número de trabalhadores nestas construções chegava a atingir cem mil operários e que a construção da grande pirâmide teria levado 25 anos para ser concluída.
A pirâmide de Quèops tem dois milhões e trezentos mil blocos de pedra. Em média, cada uma pesa duas mil e quinhentas toneladas, porém algumas mais próximas à câmara do rei chegam a 80 mil. Estes blocos eram cortados e lixados. O que hoje vemos não é a imagem do que os egípcios viram no passado, pois elas tinham uma cobertura de argamassa que as deixavam lisas, o que pode se ver ainda no que sobrou no alto da pirâmide de Quéfren, filho de Quéops, como mostra a foto ao lado. No passado, tanto ela quanto a de Quéops possuíam um revestimento brilhoso e que possibilitava ao toque dos raios de sol, um espetáculo visto, à distância, por qualquer viajante.
Com a chuva e com o vento foi ocorrendo o processo de erosão. Na sua construção também foram envolvidos médicos e cervejeiros, conforme se vê nas pinturas das paredes interiores.
Quem tem claustrofobia é melhor, antes de entrar, tomar um ansiolítico. Na de Quéfren, por exemplo, você desce 30 metros por um túnel, em posição de cócoras, depois fica de pé em uma ante-câmara que tem 5 metros, respira fundo e em seguida prepara-se para subir mais 25 de cócoras, também. Tudo isto para chegar a ver o local onde foi deixado o enorme bloco cavado em granito, pertencente ao faraó.
A pirâmide é cheia de antessalas e falsas câmaras e, recentemente, conseguiram chegar ao topo dela. Ali, onde as pedras se tocam, descobriram cinco câmaras construídas para abrigar múmias ainda ignoradas.
Estudiosos modernos acreditam que seja preciso levar em conta os ciclos de cheia do Egito quando os agricultores e pastores eram convocados para a construção por estarem sem trabalho devido à inundação do rio. Estes deveriam trabalhar de três em três meses. Já os operários que atuavam diretamente na edificação, deveriam ser contratados por todo o ano, e trabalhavam sem interrupção.
O curioso é que ainda há quem acredite que as pirâmides foram construídas por alienígenas! Em pesquisas que realizei nas pirâmides ainda é visível em algumas alas internas as inscrições dos trabalhadores e de seus engenheiros que dedicaram suas vidas a este trabalho grandioso. Algumas pedras são marcadas indicando qual grupo de operário trabalhou naquele local. Os arqueólogos, inclusive, já descobriram cemitérios dedicados apenas aos operários. Mais uma vez está descartada a presença de escravos na construção delas, muito menos a presença de judeus escravos e que vale salientar não estavam presentes neste período.
Entre 820 e 872 d.C o califa Abdullah el Mamum governou o Egito e desejava destruir a pirâmide de Quéops para se apoderar de seus tesouros e do material de construção. Porém seus súditos o convenceram de que esse prejuízo poderia sair mais caro do que o que poderia se encontrar lá dentro. Os enviados de el Mamum penetraram na câmara mortuária por uma abertura feita entre as rochas e descobriram uma múmia de um homem envolta em uma armadura adornada com pedras preciosas. O califa e seus homens roubaram toda a pirâmide, e o que sobrou da presença de Quéops, nos dias atuais, foi apenas um ataúde de granito rosa onde estava depositado o seu sarcófago. Este é possível de ser visto, pois se encontra na intimidade da grande pirâmide. Ainda há uma pequena estátua de sua imagem, feita de marfim, com 5 cm de altura e que se encontra exposta no museu do Cairo.
A pirâmide de Quéops destaca-se das demais por sua incrível grandiosidade. Ela tem 146 metros de altura e seu lado media, à época, 227 metros. Merece lembrar que a Estátua da Liberdade tem 92 metros e o Taj Mahal na Índia tem 95. Além disso, quando analiso o fascínio que as pirâmides exercem até hoje tenho que considerar o envolvimento do Homem com o místico, e com toda a simbologia que a pirâmide guarda. Talvez seja por isso e por guardar tantos mistérios pela ausência de documentos que, vez por outra, queiram inventar lendas e estórias acerca de sua construção e do que ela representa. Apesar dela refletir o grande enigma da morte, e demonstrar a imensa necessidade que temos de não sermos esquecidos, ao que tudo indica, a pirâmide significaria a grandiosidade de um império e de seu faraó. Todavia não se mede a grandeza de um faraó pelo tamanho de sua pirâmide. E Quéops é um bom exemplo disso!
A pirâmide de Quéops, também, ficou como testemunha do tempo que a ninguém poupa bem como da transitoriedade da vida. Foi testemunha até do poder ilusório de seu construtor. E em seu silêncio imortalista observou toda a história dos homens que fracassaram ou que foram enaltecidos. Até Napoleão Bonaparte, após conquistar quase tudo o que desejou, se rendeu ao encanto delas quando disse aos seus soldados: “Do alto dessas pirâmides quarenta séculos vos contemplam!”.
FOTOS: LISZT RANGEL